segunda-feira, 28 de outubro de 2013

CNE – Agrupamento 253 Seixal | Notícias de Setúbal

Três meses depois de termos iniciado o retrato dos agrupamentos da região de Setúbal, eis-nos chegados ao 253 Seixal. Fundado inicialmente como terrestre, reabriu há vinte e um anos como marítimo devido à sua localização ribeirinha. É hoje uma grande família, que conheceu um grande desenvolvimento nos últimos dois anos, mas sempre com o espírito de união que a caracteriza e inserida na Paróquia.

Isabel Farto Magalhães é a atual Chefe de Agrupamento do 253 Seixal. Recebe-nos, em dia de evangelização de rua na Paróquia onde o agrupamento se mobilizou para participar. E esta marca de comunhão com tudo o que se faz comunidade é uma das características do 253.
«Esta marca é assumida sempre e indiscutível. Somos um movimento da Igreja e por isso, inseridos na Igreja. Há um esforço de comunhão e temos uma grande ligação. Procuramos manter uma ligação entre catequistas e chefia de Escuteiros e há uma grande aproximação nos momentos-chave da Paróquia, como por exemplo na festa paroquial, na festa de final de ano, são sempre iniciativas desenvolvidas em conjunto. Estamos sempre a colaborar na preparação das coisas», explica Isabel Magalhães.
Para além disso, os adultos e jovens do Agrupamento estão, na sua maior parte envolvidos em outros grupos da Paróquia. «Normalmente frequentam a catequese e, sobretudo os mais velhos, vão estando noutros grupos. Dão catequese, colaboram na Ajuda Fraterna, e em outras iniciativas que vão aparecendo», sublinha.
Apesar de terem nascido há vinte e um anos apenas com uma Flotilha (II Secção), o 253 Seixal tem hoje um efetivo superior a cem elementos. Trinta crianças na Alcateia (I Secção), trinta e três na Flotilha, quinze na Frota (III Secção) e doze na Companha (IV Secção), para além de dezassete adultos.

A crescer, em família

«Temos tido, nos últimos dois anos, um grande desenvolvimento e uma grande dinâmica, também relacionado com a mudança do Assistente de Agrupamento, atualmente o Padre Marco Luís – indica a Chefe de Agrupamento – Toda a paróquia ficou com um dinamismo diferente e isso resulta numa maior aproximação das pessoas. Temos uma paróquia mais virada para o exterior, há várias iniciativas paroquiais que são para fora. Isso traduz-se numa maior visibilidade e as pessoas acabam por se aproximar e ficar».
Mas o facto de terem crescido nos últimos tempos não fez com que perdessem o sentido de família e união que os caracteriza. «Consideramo-nos uma grande família e temos um espírito de união muito grande entre nós. Trabalhamos todos para o mesmo objetivo independentemente das nossas visões e maneiras de ser e de estar na vida. E isto acontece, talvez, por termos atravessado momentos difíceis», refere.
Não tiveram sede durante muitos anos e reuniam nas várias salas da Igreja. Isso fazia com que não tivessem reuniões simultâneas, e considera Isabel, isso influenciava muito: «Existiam miúdos nas secções mais velhas que não conheciam os Lobitos. Estávamos sempre muito dispersos, independentemente das atividades de Agrupamento e acampamentos. Talvez isso faça com que hoje haja em nós este grande espírito de união, para estarmos uns com os outros enquanto família, inseridos na Paróquia», considera.

Um dos cuidados que existe no Agrupamento é também o de não prejudicar o ambiente familiar dos adultos. «Eu e o meu marido, por exemplo, estamos os dois – diz Isabel –mas nem todos estão. Por isso, aqueles que são casados, mesmo que o cônjuge não esteja no Agrupamento, procuramos que eles estejam, venham e participem connosco, mesmo em acampamentos. Isto é muito exigente, tira-nos muito tempo e a quem está connosco e por isso é importante estabelecer e fomentar um espírito de amizade».

Trabalhar para mais embarcações

Uma das dificuldades identificadas pela Chefe de Agrupamento é a falta de espaço na própria sede, uma vez que as instalações são partilhadas com outros grupos da Paróquia. «Depois de estamos tantos anos sem sede, estes são constrangimentos que se ultrapassam facilmente – afirma – o nosso maior problema são as embarcações. Precisamos de estar perto da água e não ter os barcos a quilómetros de distância. Os barcos necessitam de espaço. Atualmente estão na zona da antiga fábrica da Mundet. É um edifício que, para além de ter algum risco porque vai caindo aos pedaços e somos assaltados inúmeras vezes. Temos os motores dos barcos presos com correntes. Precisaríamos de ter outro espaço, mas não é fácil».
Tendo menos barcos do que aqueles que seriam desejáveis para um efetivo superior a cem elementos, fazendo que com as secções só possam fazer as atividades na água, uma de cada de vez, um dos objetivos do 253 Seixal é aumentar a frota de embarcações. «As atividades de angariação de fundos serão destinadas a isso porque cada barco é algo muito caro. Mesmo em segunda mão, não conseguimos nada por menos de quatro ou cinco mil euros, e se assim for, é uma festa», comenta Isabel.
Para tal, o agrupamento aproveita as festas de São Pedro onde dinamiza o bar, dando depois uma percentagem à Paróquia. Consegue também algum encaixe financeiro proveniente do estacionamento em épocas festivas, num terreno particular cujos donos dão autorização para isso. Organizam também algumas festas em instituições e sociedades do Seixal, e pedem a conjuntos que ali toquem pro bono.

Movimento de Igreja

De qualquer forma, e ainda que estes sejam objetivos materiais para os quais vão trabalhando, o único e grande objetivo é o mesmo de sempre: «Queremos estar mais perto de Cristo, sabendo que estamos para O servir», afirma Isabel. E por isso, quando chega alguém de novo, é sempre bem-vindo mas há o cuidado de explicar o funcionamento das coisas para não haver mal entendidos.
«Quando os pais se aproximam, inicialmente podem não ter a perceção que somos movimento de Igreja. Há quem pergunte ‘mas é obrigatório ir à catequese’, e nós dizemos: 'somos movimento de Igreja e se é para estar, é para estar como parte integrante de tudo', o que não quer dizer que seja nesta Igreja. Ainda assim, nada disto tem sido um obstáculo porque é tudo natural. É assim que somos, é assim que estamos, e se as pessoas têm o desejo de trazer os meninos para cá, e se eles próprios querem vir, é assim que devemos estar porque senão este não é o projeto deles», destaca a Chefe de Agrupamento.  

Uma responsabilidade

Isabel Farto Magalhães é Dirigente proveniente do recurso de adultos. Chegou ao Agrupamento do Seixal numa altura em que havia poucos adultos e era necessário ajuda. É, agora, Chefe de Agrupamento, e diz ser ‘uma responsabilidade’.
«Ser Chefe de Agrupamento é uma missão que vai rodando um bocadinho por todos. Quando só faltava ser eu, não pensei que sentisse tanto o peso da responsabilidade, porque, em vez de uma secção, tenho o Agrupamento inteiro. Sentir que temos que dar tudo o que esteja ao nosso alcance e tomar as decisões que façam os outros crescer em todo o seu pleno com o objetivo do Homem Novo, e ter a noção de que tudo aquilo que fazemos é realmente para o bem dos nossos ‘meninos’, é de facto uma enorme responsabilidade», afirma.
Refere, contudo, que as decisões são sempre partilhadas. «Não vivo a chefia de agrupamento de forma autoritária. Se chegamos a um impasse, alguém tem que tomar decisões, mas tudo é discutido. Este ano, por exemplo, fizemos a aposta de reformular os adultos pelas secções porque estando sempre na mesma, deixamos de ter a visão do todo e fechamo-nos. Isto foi consensual e o quadro que surgiu veio de todos», conclui.

Anabela Sousa

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