terça-feira, 21 de abril de 2020

Mensagem do Padre Armando


Caríssimos Paroquianos do Seixal,

Saúdo-vos a todos na esperança de que se encontrem bem e com boa saúde. 
Ao terminar uma reunião de catequistas da nossa Paróquia, feita por videoconferência, alguém me perguntou se eu não queria enviar uma mensagem à Paróquia. Como não sou nenhum expert nas novas tecnologias, logo aproveitei a "boleia".

Como tínhamos de ter a igreja fechada, e com a obrigação de nos confinarmos, resolvi refugiar-me em casa de familiares, pois não sei cozinhar. Mas tenho acompanhado toda a vida da paróquia, quer por whatsapp, quer por contacto telefónico. Além disso, e como é minha obrigação de pároco, rezo todos os dias, na missa diária, no ofício e no terço, por todos vós. Tentei celebrar a Semana Santa na nossa igreja e transmitir pela Internet. Contactámos a PSP e fomos aconselhados a não o fazer, pois havia ordens rigorosas para não permitir ninguém circular pelas ruas. Decidi então concelebrar em Santo André e transmitir também para o Seixal. Pedi à catequese e ao Agrupamento de Escuteiros que divulgassem esta informação, e sei que várias famílias acompanharam.

Nestes dias tenho rezado, lido e refletido neste acontecimento da Covid-19, e vejo que é verdade que Deus fala muitas vezes e de vários modos, como diz a Carta aos Hebreus.

De facto, o conceito de família cristã, como Deus a constituiu (um homem e uma mulher e "crescei e multiplicai-vos...") estava a desaparecer, e a ser substituído por outros conceitos de família, como sabemos. E a obrigação de as pessoas terem de se confinarem em família veio mostrar como a família cristã tradicional faz tanta falta., e que deve ser autêntica "igreja doméstica".
Depois o desejo do lucro a todo o custo leva as empresas, sobretudo as multinacionais, a deslocarem os seus colaboradores para longe, até para o estrangeiro e durante períodos longos, ignorando que têm uma família que precisa dele/a. Outros, levados pelo desejo de grandes ordenados, aceitam ir trabalhar para as "arábias" ou outros países, e por lá ficam meses e anos, esquecendo-se da família, e até organizando outras "paralelas". O importante é o dinheiro. É tudo engano do demónio.

Esta pandemia veio relativizar tudo, e obriga-nos a repensar tanta coisa. E como é consolador observar como o Espírito Santo inspira tantos gestos de solidariedade. Ele suscita no coração dos homens, tanto dentro da Igreja como fora dela, tanta generosidade e amor ao próximo manifestado quer na generalidade dos profissionais de saúde, quer na sociedade civil. Partilha de bens pelos mais necessitados, iniciativas para socorrer os que mais precisam de ajuda. E até a solicitude e zelo de tantas autoridades que se esquecem de si para servirem os outros. Ainda há muitos bons corações na humanidade!
Quanto ao futuro da vida da nossa paróquia, esperamos pelas orientações que serão dadas em Maio, quer pelas autoridades sanitárias e civis, quer pela Conferência Episcopal, logo decidiremos com os responsáveis dos grupos paroquiais.

Para já, rezemos uns pelos outros, aceitando em paz a vontade de Deus, mesmo que não nos agrade.

Saudações minhas para todos vós. Acreditai que vos tenho a todos no meu coração.

O vosso Pároco
Armando Augusto Azevedo

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