sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Homilia da Missa de Entronização da relíquia de Santa Teresinha na Igreja de N.ª Sr.ª da Conceição do Seixal


Homilia

1 de Outubro de 2015

Entronização da relíquia de Santa Teresinha na Igreja de N.ª Sr.ª da Conceição do Seixal


Encontramo-nos hoje aqui, na nossa bela igreja, para celebrar a Santa Missa em honra de Santa Teresa do Menino Jesus. E rendermos graças ao Céu pela graça da oferta da sua relíquia à nossa Paróquia do Seixal.

Certamente conhecem alguns dados da vida desta pequena-grande santa da Igreja.

Nasceu a 2 de Janeiro de 1873, em Alençon, e morreu no Carmelo de Lisieux a 30 de Setembro de 1897, tuberculosa. Tinha apenas 24 anos. Entrou no Carmelo aos 15 anos por especial favor do Papa Leão XII. Filha de um casal profundamente católico - casal que já tem a data da sua canonização marcada: o próximo dia 18 de Outubro, durante o Sínodo da Família, em Roma. Casal que soube viver santamente o seu matrimónio. Não negaram nada a Nosso Senhor, tiveram nove filhos, três morreram bebés, uma outra com cinco anos. As cinco filhas que sobreviveram todas foram freiras! Entre elas Santa Teresinha!

Santa Teresinha, no dizer do Papa S. Pio X, «a maior entre os santos modernos» soube pôr em prática o Evangelho que acabámos de ouvir, soube ser como uma criança. Não infantilizada, mas na verdade de quem segue o caminho simples de Jesus! O Papa Pio XI disse que Santa Teresinha era a «estrela do seu pontificado», pois este grande Papa governou a Igreja de Cristo com a ajuda e o exemplo de Santa Teresinha. E nós? Estamos dispostos, como Santa Teresinha, a colocar a nossa vida na Cruz de Jesus, sabendo que lá estão todas as respostas? Santa Teresinha morreu tuberculosa, sofrendo horrores e vomitando sangue; dor que soube oferecer a Jesus como oferta de amor. Disse a própria Santa Teresinha: «O amor prova-se por feitos, então como posso provar o meu amor? Grandes feitos estão fora do meu alcance. A única forma de provar o meu amor é espalhando flores e estas flores são todos os pequenos sacrifícios, cada olhar, cada palavra e cada pequeno acto de amor».

O diabo não deixou de a tentar e, mesmo no momento da morte, Santa Teresinha teve dúvidas de fé… E o que fez ela? Podemos ficar chocados, mas foi um acto de quem ama Jesus: com o próprio sangue que vomita, Santa Teresinha, pega na pena e escreve o Credo. Professa a fé da Igreja, com o seu próprio sangue! Creio em Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo; creio na Igreja una, santa, católica e apostólica!

Como às vezes estamos longe! Mas, por isso, caros paroquianos, olhamos para as relíquias dos santos, para pedir a sua intercessão para a nossa conversão! Queremos ser santos, como eles! Como eles, queremos colocar Jesus em primeiro lugar!

A nossa vocação é o amor, como ela dizia que era a sua: «Compreendi que o Amor encerra todas as Vocações e que o Amor é tudo!... então, num transporte de alegria delirante, exclamei: encontrei finalmente a minha vocação, a minha vocação é o Amor! No Coração da Igreja Minha Mãe, eu serei o Amor, assim serei tudo, assim o meu sonho será realizado».

No amor de Jesus e a Jesus, vivemos a nossa vocação, seja ela qual for. Eu como Padre. E espero que estejam aqui futuros Padres! Também espero que estejam aqui futuros consagrados, particularmente religiosas. Graças a Deus, esta paróquia já as deu. Lembro especialmente a Ir. Marina, que é por assim dizer «confreira» de Sta. Teresinha, pois está no Carmelo de Coimbra. Como é óbvio, não esqueço a vocação matrimonial, pois – como o mostram os pais de Santa Teresinha – é um belo caminho de santidade. E como também eles mostraram tão bem, é das famílias santas que nascem as vocações! Rezemos pelas vocações, não esquecendo que, como dizia Santa Teresinha: «Para mim, a oração é um impulso do coração, um simples olhar dirigido para o céu, um grito de agradecimento e de amor, tanto do meio do sofrimento como do meio da alegria. Numa palavra, é algo grande, algo sobrenatural que me dilata a alma e me une a Jesus».

Convido-vos, caros paroquianos, a aprofundar a vida de Santa Teresinha. Mas não só a sua vida, também os seus escritos, dado que foi declarada Doutora da Igreja pelo Papa S. João Paulo II. A sua autobriografia, intitulada «História de uma alma», é o livro mais traduzido do mundo a seguir à Biblía.

Santa Teresinha é também Padroeira Universal das Missões, ao lado de S. Francisco de Xavier. Pode parecer estranho e apetecer perguntar: como é que uma freira de clausura que morre aos 24 anos é Padroeira das Missões? Porque no segredo da sua oração, e no seu desejo de levar Jesus a todos, abraçava o mundo nos claustros do seu mosteiro de Liseux. Quantos missionários ajudados pelas suas preces! Quantas conversões devido às suas ardentes súplicas! Assim, vemos como são fundamentais as vocações de clausura!

Peço aos pais aqui presentes que hoje, pela intercessão desta santa, ofereçam novamente os seus filhos e filhas a Deus, dando-Lhe mesmo os seus filhos para a vida consagrada, como sacerdotes e religiosas, se for essa a sua vontade santa.

Demos graças por termos esta relíquia de Santa Teresinha connosco, sabendo que por sua intercessão cairão muitas rosas, muitas graças na nossa paróquia. Ela assim o prometeu: «Depois da minha morte farei chover umas chuva de rosas»;  «O meu Céu será passado a fazer o bem sobre a terra».

A mim, não me deixa de vir à memória a visita do grande relicário de prata com as relíquias de Santa Teresinha a Portugal, no ano de 2005. Eu estava em Vila Viçosa, e lembro-me bem do que pedi a Santa Teresinha: disse-lhe que queria ser Padre… Hoje estou aqui, a entronizar uma relíquia sua na paróquia que Deus me confiou! O paramento que estou a usar é o paramento da minha Missa Nova. Todo ele tem rosas, a lembrar as milhares de rosas que são lançadas, em Sesimbra, ao Senhor das Chagas, mas também querem lembrar a Santa das Rosas, Santa Teresinha! Quando o grande relicário de Santa Teresinha visitou a nossa Diocese em 2005, a prisão de Setúbal foi um dos lugares que visitou. Mas, quando chegou à porta da cadeia, viu-se que o relicário era grande demais… Que fazer? Pois por ordem do Director Nacional dos estabelecimentos prisionais, as portas da prisão de Setúbal foram deitadas a baixo para o relicário entrar! Nenhum preso fugiu. Entrou antes o testemunho de uma jovem que seguiu Jesus! Este episódio das relíquias de Santa Teresinha na prisão de Setúbal lembra o momento da sua morte… Quando exalou o último suspiro, a Madre Superiora mandou que todas as portas e janelas do quarto da santa fossem abertas, para lembrar que é assim no Céu: todas as portas se abrem para receberem os filhos de Deus.

As últimas palavras de Santa Teresinha foram: «Meu Deus, eu vos amo». Que por sua intercessão amemos mais a Nosso Senhor e que Ele derrame muitas rosas, muitas bênçãos sobre cada um de nós e sobre a nossa Paróquia.

Pe. Tiago Ribeiro Pinto

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