Memória do caminho de fé em comunidade, saboreando o Amor de
Deus e olhando o futuro com esperança
O Ano da fé (11 Outubro) que iniciamos com o dia de adoração
eucarística, termina hoje dia de Cristo Rei( 24 de Novembro).
Há um ano em vésperas de Natal, o anúncio de que a Igreja do
Seixal seria uma das poucas igrejas na Diocese de peregrinação do ano da Fé,
onde se alcançaria indulgência plenária deu o mote para este ano.
A sinalização exterior e interior da Igreja como lugar de
peregrinação do ano da fé, a explicação do significado em vários âmbitos foi
proposta de caminho e de caminhos de fé mais aprofundada e mais profunda neste
ano que agora termina.
A bênção dos casais como habitualmente no dia da sagrada
Família e a bênção das crianças pela primeira vez e em dia de Epifania, o
sínodo que tinha terminado em Outubro em Roma sobre a Nova evangelização para a
transmissão da fé e que ainda em ano da fé o actual sínodo sobre a família
convocado há poucas semanas veio colocar a família no centro da transmissão da
fé. O caminho de cada vez mais casais na alegria do sacramento do matrimonio,
nesta comunidade ganhou novo desafio com a minha nomeação para director do
secretariado diocesano da pastoral familiar.
A semana paroquial da fé vivia fortemente em Janeiro, na
alegria da arte sacra restaurada que expressa a fé da Igreja que nos é
transmitida, na tela de Nossa Senhora da Assunção e continuada logo nos
restauros de toda a zona do presbitério, também estou certo, de nos ter feito
crescer na fé. Os sucessivos restauros têm no fim do ano da fé um forte
reconhecimento no âmbito diocesano expresso na exposição da fé e arte sacra
onde somos uma das paróquias que com mais peças contribuiu no empréstimo.
A beleza de Deus expressa na casa de Deus, também na música
sacra de quem toca e canta a sua fé de forma tão intensa este ano com quatro
momentos fortes onde destacamos a presença da orquestra de câmara da GNR foi
desafio de caminho de fé para os de dentro e os de fora.
A marca da nova evangelização pelas ruas e casas do Seixal,
quer em Janeiro, quer na semana de S.Pedro e com o seu ponto alto na semana
missionaria em Outubro constituiu uma viragem missionaria na historia da
paroquia, de uma igreja de portas abertas mas que sai de portas para transmitir
a fé indo ao encontro dos que não se aproximam, que são a maioria das gentes da
nossa terra.
A fé que tendo o seu núcleo no Credo que cada Domingo
professamos e passamos tantas vezes a solenizar, também foi estudada, no
Catecismo da Igreja, embora sintamos que ainda tenha passado ao lado de muitos
de nós, de forma mais preocupante para aqueles de nós que temos
responsabilidades de formação de fé nesta paroquia.
A reflexão da fé no âmbito concreto da vida dos que são
perseguidos por causa da sua fé foi ajudada pela exposição da perseguição dos
cristãos no mundo, com a apresentação aqui nesta igreja do livro " a
perseguição dos cristãos na China" acompanhada de milhares de pagelas de
oração do Papa Bento XVI ,mais tarde no tríduo de S Pedro pelo testemunho de um
seminarista chinês clandestino.
O livro Sugestões que Movem á santidade apresentado em
aniversário de criação de paróquia, pretendeu ser testemunho de fé e apelo à fé
por parte do prior e constituiu uma considerável receita económica para a paróquia
em tempos mais difíceis.
Também ainda no âmbito do ano da fé, terminado esta semana, e
a ser apresentado no dia 7 de Dezembro á noite nesta Igreja na véspera da nossa
Padroeira o livro " Memórias do Seixal" traça o percurso de fé na sua
essência desta paroquia nos seus trezentos anos de existência embora com uma
história mais antiga na sua génese quinhentista.
A dinâmica de consciência de peregrinos da fé enquanto
católicos tornou-se mais clara para nós especialmente em dois momentos, a
peregrinação a pé para a nossa igreja em Pentecostes e a peregrinação a pé a
Fátima a 13 de Setembro, conforme era proposto pelo Santo Padre para este ano
da fé.
O desafio de crescer na fé nos vários grupos paroquiais que
cresceram em quantidade, nomeadamente, escuteiros, catequistas e catequizados,
elementos da Ajuda fraterna como voluntários e beneficiários é um desafio que
se mantém para além do ano a fé de forma muito clara. O grupo silencioso mas
orante dos zeladores da igreja é um dos grupos que afirma na presença de cada
pessoa na igreja a fé na presença de Deus no meio de nós, a maior das bênçãos
que podemos ter. O cuidado com os doentes, com os mais sozinhos e esquecidos,
com os que choram os seus entes queridos por parte da Legião de Maria
consolidou-se no ano da fé como testemunho de amor que é sinónimo de uma fé
viva. O grupo coral mantém a perseverança de um trabalho regular e essencial na
celebração da fé, na liturgia, tal como os acólitos na sua maioria crescem na
fé, que é amizade e proximidade de Jesus. A comunidade Shalom prossegue o seu
caminho com dois grupos de oração e no mesmo ano da fé vemos chegar a
comunidade aliança de misericórdia com quem se estreita desde já laços fortes
na fé, no desejo de transmitir a fé aos que estão mais afastados.
Os momentos ligados á juventude como foram retiros e a oração
regular, com formação e o novo grupo de jovens que surgiu são fonte de
esperança, como também pontos altos foram o acampamento nacional de escuteiros
marítimos onde o seixal foi dos mais representados, bem como a ida de um
pequeno grupo á jornada mundial da juventude no rio de Janeiro tornou-se uma
bênção para todos nós no ano da fé.
As festas de catequese são festas de fé e ganhou-se mais essa
consciência (assim esperamos), de forma especial na primeira comunhão, na
profissão de fé e confirmação da fé, os crismas que ainda decorreram no ano da
fé.
A eleição do novo Papa Francisco vivida em ambiente de
profunda oração com ajuda de tantas pagelas distribuídas (como foi
característica neste ano da fé em cada mês a distribuição de pagelas de oração)
na certeza da comunhão com Aquele que nos confirma na fé, o sucessor de Pedro,
concretizada na oração diária em cada missa e expressa na comunhão com a suas
intenções no fim da missa foi constante e nunca no meu entender desgastaste. Oração
que agora terá de assumir novas formas pois já não somos capazes de rezar,
viver de outra forma senão nesta união de coração com o Santo Padre, no privilégio
de termos sido igreja com especial ligação ao Papa.
A visita de tantos sacerdotes, também no ano da fé com
destaque para a visita do cardeal Saraiva Martins em Agosto na festa da
Assunção de Nossa Senhora, fez- nos crescer na catolicidade, diria que fez bem
ao fiéis e ao prior.
As provações vividas pessoalmente e comunitariamente foram oportunidades
de crescer na fé, num mundo em que se quer privatizar a fé, retirá-la da vida,
em que tantas vezes os que erguem a bandeira da " suposta liberdade"
concretizam graves atentados, mesmo que de forma negligente (num olhar mais
benevolente), à liberdade da fé. Mas a vitória da fé não depende de circunstâncias
aparentemente favoráveis, mas da fidelidade a Cristo em todas as circunstâncias.
Com S. Pedro firmes e alegres na fé caminhamos como lema mas
fortemente com Maria abraçamos o Seixal na fé, este caminho com Nossa Senhora
foi e continuará a ser constante, é a nossa identidade crista e paroquial, a Seu
pedido uma centena de pessoas fez o itinerário dos cinco primeiros sábados, renovando-se
a alegria do perdão de Deus no sacramento da confissão, que infelizmente ainda
há um grande caminho a fazer, como espelhou a iniciativa de todas as quintas
feiras neste ano da fé estarmos dois sacerdotes em atendimento aqui na igreja à
noite, indo ao encontro de horários mais enquadráveis de quem trabalha, não obstante
todos os outros horários que se mantiveram, não tendo a procura aumentado como
seria de esperar, no fundo uma discrepância entre o receber a Santíssima Eucaristia
e a preparação no sacramento da reconciliação, assunto que tratarei de forma
mais incisiva no inicio do Advento.
Este caminho de fé
expresso de tantas formas com Nossa Senhora como dizia, será continuado já de
forma intensa em Janeiro e Fevereiro na preparação para a consagração do Totus
Tuus, segundo o apelo que agora chega pelo Beato João Paulo II que nos
acompanha neste ano pastoral, " «com João Paulo II quero ser santo.»
Na certeza e na verdade de que a fé é consolo, para muito
pessoas a fé continua a resumir-se a um consolo de consciência, de mero
cumprimento de um preceito, uma letra da lei, do mandamento mas sem abertura ao espírito, o ano da fé foi para crescer na alegria da fé, da amizade com Cristo,
na confiança filial em Deus Pai, na docilidade ao Espirito Santo no caminho
para o céu pois a fé serve para alcançar a salvação ou então não serviu para
nada.
Senhor eu creio, mas aumentai a nossa fé.
Padre Marco Luís
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