Caríssimos Paroquianos do Seixal,
Saúdo-vos
a todos na esperança de que se encontrem bem e com boa saúde.
Ao terminar uma reunião de
catequistas da nossa Paróquia, feita por videoconferência, alguém me perguntou
se eu não queria enviar uma mensagem à Paróquia. Como não sou nenhum expert nas
novas tecnologias, logo aproveitei a "boleia".
Como tínhamos de ter a igreja
fechada, e com a obrigação de nos confinarmos, resolvi refugiar-me em casa de
familiares, pois não sei cozinhar. Mas tenho acompanhado toda a vida da
paróquia, quer por whatsapp, quer por contacto telefónico. Além disso, e como é
minha obrigação de pároco, rezo todos os dias, na missa diária, no ofício e no
terço, por todos vós. Tentei celebrar a Semana Santa na nossa igreja e
transmitir pela Internet. Contactámos a PSP e fomos aconselhados a não o
fazer, pois havia ordens rigorosas para não permitir ninguém circular
pelas ruas. Decidi então concelebrar em Santo André e transmitir também para o
Seixal. Pedi à catequese e ao Agrupamento de Escuteiros que divulgassem esta
informação, e sei que várias famílias acompanharam.
Nestes dias tenho rezado, lido e
refletido neste acontecimento da Covid-19, e vejo que é verdade que Deus fala
muitas vezes e de vários modos, como diz a Carta aos Hebreus.
De facto, o conceito de família
cristã, como Deus a constituiu (um homem e uma mulher e "crescei e
multiplicai-vos...") estava a desaparecer, e a ser substituído por outros
conceitos de família, como sabemos. E a obrigação de as pessoas terem de
se confinarem em família veio mostrar como a família cristã
tradicional faz tanta falta., e que deve ser autêntica "igreja doméstica".
Depois o desejo do lucro a todo o
custo leva as empresas, sobretudo as multinacionais, a deslocarem os seus
colaboradores para longe, até para o estrangeiro e durante períodos longos,
ignorando que têm uma família que precisa dele/a. Outros, levados pelo desejo
de grandes ordenados, aceitam ir trabalhar para as "arábias" ou
outros países, e por lá ficam meses e anos, esquecendo-se da família, e até
organizando outras "paralelas". O importante é o dinheiro. É tudo
engano do demónio.
Esta pandemia veio relativizar tudo,
e obriga-nos a repensar tanta coisa. E como é consolador observar como o
Espírito Santo inspira tantos gestos de solidariedade. Ele suscita no
coração dos homens, tanto dentro da Igreja como fora dela, tanta generosidade e
amor ao próximo manifestado quer na generalidade dos profissionais de saúde,
quer na sociedade civil. Partilha de bens pelos mais necessitados, iniciativas
para socorrer os que mais precisam de ajuda. E até a solicitude e zelo de
tantas autoridades que se esquecem de si para servirem os outros. Ainda há
muitos bons corações na humanidade!
Quanto ao futuro da vida da nossa
paróquia, esperamos pelas orientações que serão dadas em Maio, quer pelas
autoridades sanitárias e civis, quer pela Conferência Episcopal, logo decidiremos
com os responsáveis dos grupos paroquiais.
Para já, rezemos uns pelos outros,
aceitando em paz a vontade de Deus, mesmo que não nos agrade.
Saudações minhas para todos vós.
Acreditai que vos tenho a todos no meu coração.
O vosso Pároco
Armando Augusto Azevedo