O seu modo de argumentar parecia ter uma certa
lógica. «Eu sou daqueles que pensam que todas as religiões são verdadeiras.
Pondo de parte algumas degenerações fanáticas, todas levam o homem a fazer o
bem, promovem sentimentos positivos e satisfazem a necessidade de
transcendência que temos dentro de nós. No fundo, acaba por ser a mesma coisa
escolher uma religião ou outra. Viva a liberdade! Quem sou eu para impor a
minha religião aos outros?
«Que cada um escolha a sua própria religião. Que cada um escolha aquela que
melhor se adapta ao seu modo de ser. Esta é a minha opinião e não acredito que
esteja errada. Sobretudo, acho que é a única que pode ser considerada
verdadeiramente tolerante. Quem acredita que a sua religião é a verdadeira
acaba por ser um bocado fanático. E com pessoas fanáticas não é possível
dialogar».
É verdade que todas as religiões, se o são de verdade, possuem algo de
positivo. No entanto, isso não é a mesma coisa que afirmar que todas as
religiões são verdadeiras. Não é sério dizer que podem ser verdadeiras ao mesmo
tempo religiões que afirmam coisas diferentes e contraditórias. Assim como não
é sério dizer que dois mais dois são aquilo que mais estiver de acordo com os
sentimentos de cada um. A resposta é só uma. Não somos nós que a inventamos. A
nós compete-nos somente descobri-la.
Se só existe um Deus, não pode haver mais do que uma verdade sobre Ele. E a
descoberta do caminho para chegar a Deus é a mais importante da nossa vida.
Dela depende a nossa eternidade. Viver de acordo com uma religião não é algo
que esteja ao mesmo nível de escolher um produto num supermercado. Não tem a
mesma importância que a selecção da cor de um automóvel que pretendemos
comprar.
Uma pessoa não vive de acordo com uma religião porque isso lhe dê uma
satisfação maior. Porque a faça sentir-se em harmonia com o universo. Nem
porque lhe permita emitir suspiros mais ou menos celestiais. Uma pessoa vive de
acordo com uma religião porque acredita que é o seu caminho para chegar a Deus.
O seu caminho para que a sua vida tenha sentido. Para que a sua vida não
termine no cemitério. Pelo contrário, para todos aqueles que se contentam com
ficar por lá, não é necessária a procura de nenhuma religião. Nem é necessário
ter a “dor de cabeça” de tentar encontrar a verdadeira.
Para os cristãos esse único caminho para chegar a Deus tem um nome: Jesus
Cristo. Ele não é somente um homem especial. É Deus feito homem. Deus que se
fez homem e morreu na Cruz para nos salvar. Não foram os cristãos que
inventaram a Cruz por ela estar mais de acordo com os seus sentimentos. Foi
Deus que escolheu esse modo concreto de nos salvar. Um modo que revela o seu
infinito amor por nós e nos pede uma resposta.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
quinta-feira, 7 de janeiro de 2016
sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
A Virgem ao Meio Dia - Paul Claudel
Vejo a igreja aberta e entro.
Mas não é para rezar,ó Mãe, que estou aqui dentro.
Não tenho nada a pedir,nada para te dar.Venho somente, Mãe, para te olhar...
Olhar-te, chorar de alegria, sabendo apenas isto:
eu sou teu filho e tu estás aqui, Mãe de Jesus Cristo!
Ao menos por um momento, enquanto tudo pára,
quero estar neste lugar em que estás, Maria.
Nada dizer, olhar simplesmente teu rosto,
e deixar o coração cantar a seu gosto.
Nada dizer, somente cantar,
porque o coração está transbordando...
Porque és bela, porque és imaculada,
a mulher na Graça enfim restituída,
a criatura na sua hora primeira e em seu desabrochar final,
como saiu das mãos de Deus na manhã de seu esplendor original.
Intata inefavelmente porque és a Mãe de Jesus Cristo,
que é a verdade em teus braços,
e a única esperança e o único fruto.
Porque é meio-dia, porque estás aí,
simplesmente porque és Maria,
simplesmente porque existes.
Mas não é para rezar,ó Mãe, que estou aqui dentro.
Não tenho nada a pedir,nada para te dar.Venho somente, Mãe, para te olhar...
Olhar-te, chorar de alegria, sabendo apenas isto:
eu sou teu filho e tu estás aqui, Mãe de Jesus Cristo!
Ao menos por um momento, enquanto tudo pára,
quero estar neste lugar em que estás, Maria.
Nada dizer, olhar simplesmente teu rosto,
e deixar o coração cantar a seu gosto.
Nada dizer, somente cantar,
porque o coração está transbordando...
Porque és bela, porque és imaculada,
a mulher na Graça enfim restituída,
a criatura na sua hora primeira e em seu desabrochar final,
como saiu das mãos de Deus na manhã de seu esplendor original.
Intata inefavelmente porque és a Mãe de Jesus Cristo,
que é a verdade em teus braços,
e a única esperança e o único fruto.
Porque é meio-dia, porque estás aí,
simplesmente porque és Maria,
simplesmente porque existes.
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